No Brasil, o acordo -- firmado em 1990
- foi aprovado pelo Congresso em 1995. Agora, a implementação definitiva
depende apenas de um decreto do presidente Lula, ainda sem data para ocorrer.
Mesmo assim, o MEC (Ministério da
Educação) já iniciou o processo de adoção da nova ortografia. Entre 2010 e 2012
é o período de transição estipulado pela pasta para a nova ortografia passar a
ser obrigatória nos livros didáticos para todas as séries.
Novas regras
O acordo incorpora tanto
características da ortografia utilizada por Portugal quanto a brasileira. O
trema, que já foi suprimido na escrita dos portugueses, desaparece de vez
também no Brasil. Palavras como "lingüiça" e "tranqüilo" passarão
a ser grafadas sem o sinal gráfico sobre a letra "u". A exceção são
nomes estrangeiros e seus derivados, como "Müller" e
"Hübner".
Seguindo o exemplo de Portugal,
paroxítonas com ditongos abertos "ei" e "oi" --como
"idéia", "heróico" e "assembléia"-- deixam de
levar o acento agudo. O mesmo ocorre com o "i" e o "u"
precedidos de ditongos abertos, como em "feiúra". Também deixa de
existir o acento circunflexo em paroxítonas com duplos "e" ou
"o", em formas verbais como "vôo", "dêem" e
"vêem".
Os portugueses não tiveram mudanças na
forma como acentuam as palavras, mas na forma escrevem algumas delas. As
chamadas consoantes mudas, que não são pronunciadas na fala, serão abolidas da
escrita. É o exemplo de palavras como "objecto" e
"adopção", nas quais as letras "c" e "p" não são
pronunciadas.
Com o acordo, o alfabeto passa a ter 26
letras, com a inclusão de "k", "y" e "w". A
utilização dessas letras permanece restrita a palavras de origem estrangeira e
seus derivados, como "kafka" e "kafkiano".
Dupla grafia
A unificação na ortografia não será
total. Como privilegiou mais critérios fonéticos (pronúncia) em lugar de
etimológicos (origem), para algumas palavras será permitida a dupla grafia.
Isso ocorre em algumas palavras
proparoxítonas e, predominantemente, em paroxítonas cuja entonação entre
brasileiros e portugueses é diferente, com inflexão mais aberta ou fechada.
Enquanto no Brasil as palavras são acentuadas com o acento circunflexo, em
Portugal utiliza-se o acento agudo. Ambas as grafias serão aceitas, como em
"fenômeno" ou "fenómeno", "tênis" e
"ténis".
A regra valerá ainda para algumas
oxítonas. Palavras como "caratê" e "crochê" também poderão
ser escritas "caraté" e "croché".
Hífen
As regras de utilização do hífen também
ganharam nova sistematização. O objetivo das mudanças é simplificar a
utilização do sinal gráfico, cujas regras estão entre as mais complexas da
norma ortográfica.
O sinal será abolido em palavras
compostas em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento também começa
com outra vogal, como em aeroespacial (aero + espacial) e extraescolar (extra +
escolar).
Já quando o primeiro elemento finalizar
com uma vogal igual à do segundo elemento, o hífen deverá ser utilizado, como
nas palavras "micro-ondas" e "anti-inflamatório".
Essa regra acaba modificando a grafia
dessas palavras no Brasil, onde essas palavras eram escritas unidas, pois a
regra de utilização do hífen era determinada pelo prefixo.
A partir da reforma, nos casos em que a
primeira palavra terminar em vogal e a segunda começar por "r" ou
"s", essas letras deverão ser duplicadas, como na conjunção
"anti" + "semita": "antissemita".
A exceção é quando o primeiro elemento
terminar em "r" e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse
caso, a palavra deverá ser grafada com hífen, como em
"hiper-requintado" e "inter-racial".